31 agosto, 2010

Cena teatral ;



Com uma caneta permanente escreveste o teu nome no meu coração, com a tua letra perfeita. Planeaste tudo isso para me ver sofrer e agora assistes a todo este sofrimento, a que chamas espectáculo, com um sorriso traiçoeiro. Quem diria que irias ver a minha vida como uma cena teatral … eu não fazia a mínima ideia, por isso é que me deixei levar, sem sequer desarmar todas as armadilhas que impuseste no meu caminho para que eu chegasse a este ponto. Eu vou dizer-te como era a minha vida enquanto te amava:
Todos os dias acordava com o esvoaçar das borboletas na minha barriga e a primeira coisa que fazia era sorrir, sorrir orgulhosamente de te ter perto de mim, sempre. Na escola, sentava-me próxima de ti para conseguir sentir o teu cheiro. Nos intervalos, fazia de tudo para não te perder de vista, sempre na esperança que retribuísses o olhar. Em casa, depois da escola, pegava no telemóvel e sempre que recebia uma mensagem tua, ficava felicíssima. As noites não eram tão assombradas como outrora foram, eram preenchidas de sonhos que te incluíam, ou talvez fosse eu que te envolvia neles e coordenava aquele belo momento de imaginação. Era assim, agora é o inverso, completamente … de manhã acordo aborrecida com o facto de te ter a assustar a minha felicidade. Em casa fico furiosa quando recebo uma mensagem tua, e interrogo-me como ainda tens o descaramento de tentar falar comigo! E as noites? Essas voltaram a ser assombradas. Enquanto antes os simples problemas diários as tornavam em noites más, agora és tu o afastador de sonhos e o íman de pesadelos.
Não por muito tempo. Expulsar-te-ei o mais depressa possível da minha vida e acredita que com o ódio que nutro por ti, não será muito difícil. Ninguém mais fará da minha vida uma cena teatral na qual entra quem quiser sem comprar bilhete, chega. Foste demasiado estúpido e eu ingénua, mas não serei mais, prometo.

Ah, parabéns falhado arruinaste-me a vida de novo.

18 agosto, 2010

Desembarque de emoções ;


Sei que não vou ficar demasiado forte para me tornar obstáculo na vida de alguém. Sei até que não vou aprender com todos os erros que cometer, mas vou agradecer a todos os que contribuíram para que a minha felicidade viesse ao de cima, e não permanecesse enterrada nas profundezas da mágoa.

09 agosto, 2010

Conspiração de amor ♥ (cinco)




Parte 5
As horas foram passando e começou a anoitecer. Ele disse que já se fazia tarde e que tinha de ir para casa. Como é óbvio eu deixei-o, não o podia manter meu prisioneiro. Acompanhei-o à porta e despedimo-nos com um simples beijo … foi embora mas deixou um sorriso e uma promessa: ‘volto amanhã!
Dirigi-me para o meu quarto e deitei-me na cama. Estava tão feliz … acho que nunca sentira aquele aperto tão forte no coração. Adormeci …
No dia seguinte … quando acordei ele estava ao meu lado a fazer-me carícias no cabelo. Mal abri os olhos ele deu-me um beijo. Doce demais para mim, porque eu não merecia que ele fosse tão carinhoso para comigo.
Tomei banho e vesti-me. E quando voltei ao quarto ele convidou-me para ir dar um passeio pela praia e como devem imaginar era impossível recusar.
Para meu espanto fomos o caminho todo calados. Fiquei com uma sensação estranha …
Entretanto chegamos e foi agradável, ao fim de uns anos, voltar a sentir os pés na areia macia da praia e na água gélida do oceano. Era como renascer de novo …
Finalmente, o diálogo iniciou-se …
Ele: Vou sair daqui …
Eu: Ah?
Ele: Vou embora daqui.
Eu: Daqui de onde?
Ele: Embora da cidade. A minha mãe quer levar-me para Inglaterra.
Eu: Inglaterra?
Ele: Sim. Os meus pais vão divorciar-se …
Eu: Sabes que sou a primeira a não admitir namoros à distância. Por isso … quando fores … acaba tudo … entre nós.
Ele: Tem mesmo de ser assim?
Eu: Tem. Não vou ficar presa a ti novamente J.
Ele: Eu não queria nada disto.
Eu: E eu queria?
Ele: Não …
Eu: Então pronto, J.
Ele: Eu amo-te … vamos deixar isto a meio?
Eu: Desculpa! Eu prometi a mim mesmo que não sofreria mais por ti.
Ele: Prometes-te?
Eu: Sim. É melhor cortar o mal pela raiz, não achas?
Uma lágrima foi derramada por cada um de nós. Naquela praia, no dia 25 de Março de 1987, o ‘nós’ daquela relação deixou de existir. Passámos a ser apenas um rapaz e uma rapariga, livres.
Eu: O fim é assim. Definitivo e cruel, tal como o nosso. Este é o nosso fim, por muito que doa … este é o fim que nenhum de nós queria. Este é o fim, simplesmente isso J.
Ele: Sim. Por muito que me custe eu tenho de aceitar que este é o fim sem recomeço.
Eu: Eu amo-te muito e continuarás a ser o amigo especial que nunca esqueci.
Ele: Está bem. Promete-me só que um dia poderei voltar a ver-te!
Eu: Sim, um dia …
O ‘nós’ acabou ali. Foi cessado por um último beijo de despedida bem longo para que não deixasse saudade. E naquela praia estiveram dois meninos que se amavam …
Aquele foi o nosso fim. Inesperado, cruel e definitivo.
Era uma vez uma menina e um menino que se conheceram e começaram a gostar um do outro. Namoraram, ele traiu e ela afastou-se. Foi para bem longe … Ele não resistiu à distância e fez de tudo para se aproximar. Quando finalmente consegue recebe a trágica notícia do divórcio dos pais e da estúpida ideia da mãe o querer levar para Inglaterra. E foi naquela praia que dois meninos cessaram o ‘nós’. Cada um viveu a sua vida nunca esquecendo o ‘grande amor’!
Fim.
Ele: Então querida, a Isabel conseguiu dormir?
Ela: Sim. Fizemos bem em guardar uma boa recordação da nossa história, não fizemos?
Ele: Foi essa que lhe leste?
Eu não disse que nos casamos. Só contei até à parte do ‘nós’ ter acabado.
Ele: Essa parte …
Eu: Esquece. Agora estamos bem, não estamos?
Ele: Sim!
Eu: Então pronto!
E este casal bonito, com uma filha linda viveu feliz para sempre (:

04 agosto, 2010

Conspiração de amor ♥ (quatro)

 
Parte 4
E mais uma vez eu tinha razão. O olhar dele demonstrou uma certa insegurança em relação ao que iria afirmar.
Eu: Diz o que me queres dizer de uma vez por todas!
Ele: Eu não tenho a certeza se devo dizer isto, remexer no passado e trazê-lo de volta ao presente.
Eu: Já não tenho medo disso, e sabes porquê? Porque é impossível relembrar ainda mais o passado quando estou contigo. O exemplo de ontem …
Ele: Pára! Esquece o ontem, vive o hoje.
Eu: Sabes o quanto é difícil, não sabes?
Ele: Sei. Também te vi partir, e essa imagem não me sai da cabeça. É do passado …
Eu: Nada comparado ao que eu vejo e revejo todos os dias.
Ele: Pior.
Eu: Pior, J.? Pior do que te ver agarrado a ela? Pior do que te ver a falar dela e com ela nas minhas costas? Pior do que ser traída, ter sinais disso todos os dias e não querer admitir? Pior do que ter de acreditar na desculpa que lhe deste? Desculpa essa que me destruiu.
Ele: Que desculpa é que eu lhe dei?
Eu: Ai não sabes? Daquela vez que …
Ele: Ah já sei, desculpa.
Eu: Desculpa? Alguém disse que o que está feito está feito e não pode ser desfeito.
Ele: São imagens permanentes para ambos, mas por favor, perdoa-me. Só te peço isso!
Eu: Isso é demasiado J.
Ele: Por favor. Eu não aguento mais estar nesta angústia.
Eu: E eu? Achas que eu aguento afogar-me todos os dias em imagens. E o pior de tudo isto é que eu ainda te amo. Não sei como é possível mas é verdade. Amo-te como nunca amei ninguém. Acho-me estúpida, por isso. Quem não acha?
(levanto-me)
Ele: Por favor, não vás!
Eu: Porque?
Ele: Porque te amo.
Eu: Amas como das outras vezes? Amas quando não tens mais ninguém para amar? Amar é tudo menos traição. Eu odeio-te!
Ele: Odeias?
Eu: Não sejas parvo J.
Ele: Acredita em mim, uma vez, por favor!
Eu: O meu erro foi ter acreditado em ti. Disseste o mesmo da outra vez.
Ele: Desta vez é diferente. Eu juro que é.
Eu: Os teus juramentos não valem nada.
Ele: Não?
Eu: Vou embora.
Ele: Não vais nada. Conheço-te suficientemente bem para saber que se fores embora vais passar o resto do dia a remoer nesta conversa.
Eu: Que bom para ti.
Ele: Por favor, fica!
Eu: Não fico, mas tu também não. Vem comigo.
Descemos os dois do telhado e fomos para o meu quarto. Sentei-me em frente ao PC onde se encontrava a máquina a carregar. Abri a pasta de imagens e deixei-o sentar-se a ver todas aquelas recordações.
Mal abriu a primeira imagem derramou uma lágrima, coisa que não esperava.
Ele: Somos nós …
Eu: Sim. Quando éramos felizes. Quando a minha inocência predominava, lembraste?
Ele. Claro que lembro … como me esqueceria?
Eu: Eu tentei esquecer tudo isso.
Ele: Eu nunca quis esquecer.
Foi vendo e revendo cada imagem, cada lembrança dos dias efémeros. Passaram-se horas e ele via-as vezes sem fim. Quando decidiu parar disse:
Ele: São estas minuciosas coisas que fortalecem o amor que sinto por ti.
Eu: Tu não sentes nada por mim.
Ele: Pára miúda. Conheces-me bem e sabes que eu desisto facilmente das coisas. Sabes que ao primeiro obstáculo deixo tudo para trás. E quantos já apareceram? Eu quero-te. Desta vez quero mesmo. Eu juro que sim.
Eu: Já te disse que …
Ele: Sim, os meus juramentos não valem de nada, mas acredita. Desta vez não te vou desiludir!
Eu: Não sei J.
Ele: Eu amo-te, tu amas-me … não percebo!
Eu: Não é assim tão simples.
Ele: Pois não, o amor é complexo.
Eu: É.
Ele. Nós temos tudo para o tornar bem mais real do que uma fantasia.
Houve outra aproximação, outro beijo. Mais intenso e seguro. Com força de razão e convencido de que nada o desmoronaria.
Senti uma necessidade enorme de o abraçar, e fi-lo. Abracei-o com toda a força que tinha. Ele fez o mesmo. Esmagamos todas as memórias que teimavam em estragar o momento.
Eu: Sabes que não vai haver o ‘para sempre’ não sabes?
Ele: Enquanto estiver nos teus braços o ‘para sempre’ é breve.
Eu: É?
Ele: Sim. Mas deixa-me estar, estou tão bem. Já te disse que te amo?
Eu: Muitas vezes.
Ele: Mais uma faz mal?
Eu: Muito mal … iludes-me demasiado.
Ele: Não comeces.
Eu: Sabes que sou assim. Estou feliz, nem que seja por instantes.
Ele: Amo-te!
Eu: Odeio-te!
Ele: Assim tanto?
Eu: Imenso meu amor.
Esta história não verídica continua no próximo post (:

02 agosto, 2010

Conspiração de amor ♥ (três)



Parte 3
Vagueando pelo passado
Já não havia mais lágrimas para chorar, nem mais imagens para relembrar. Fiquei completamente destruída, mas com uma tremenda vontade de o ver. Sentimentos contraditórios, eu sei.
Enquanto vasculhava as pastas de imagens da reciclagem encontrei uma especial e o seu nome chamou-me a atenção: ‘Reviravolta do passado ♥’ Não sabia o seu conteúdo e nem me atrevi a abri-la, no entanto não a eliminei.
Na pasta ‘Retalhos da vida ’ encontrei 185 músicas à escolha, mas só seleccionei 12 para ouvir. Não eram umas músicas quaisquer, eram as nossas músicas. Estava a desfrutar delas quando aquelas malditas imagens interferiram e arruinaram os meus pensamentos. Pensamentos consideravelmente estranhos após o que se tinha sucedido há umas horas atrás. Enfim … desta vez venci. Expulsei todas as minhas fraquezas e os medos lancei-os para o futuro distante. Adiar os problemas não resolve a situação mas diminui a minha dor. Aquelas imagens faziam parte dos medos, mas não dos que lancei para o futuro. Elas foram excepção, ficando no passado. Era o sítio indicado para elas. Não foi fácil, mas eu consegui e fico orgulhosa disso.
Já não me aguentava em pé, eram emoções a mais para mim e fui deitar-me. Aconcheguei-me no meio de memórias e conversas com o meu coração e passei a noite nisso. Afoguei-me em lágrimas de orgulho e de felicidade, de tristeza também, quando imaginava que mais nenhuma lágrima se derramaria.
No dia seguinte acordei cedo demais e decidi arrumar o meu quarto. Não é que estivesse muito desarrumado, mas não tinha mais nada para fazer … enquanto organizava os milhares de cartões de memória da minha máquina fotográfica encontrei um de 3GB que não sabia que existia. Curiosa coloquei-o na máquina que por sua vez estava descarregada, e de seguida procurei o carregador da mesma. Liguei a máquina ao PC. Era apenas uma pasta de imagens que preenchia o cartão, tal como preenchia uma pequena (grande) parte do meu coração. Depois de as ver e rever recordei todos os momentos que passamos, só eu e o J. Eram as imagens dos nossos encontros, das nossas brincadeiras e asneiras, resumindo … estava lá a nossa relação toda. Uma imagem passada, uma lágrima derramada e uma emoção desconhecida. Fiquei naquele impasse minutos a fio … desconhecendo a verdadeira razão do acontecimento.
Não suportava mais aquele calor que se fazia sentir dentro de casa e saí. Passeei por entre as árvores densas da floresta até que, contrariada, estava na clareira onde tudo começara. Não queria recordar nada do que se passara na noite anterior e corri tentando desviar-me de todos os caminhos que me forçavam a fazê-lo. Queria mesmo ir para o telhado, mas não podia, ou talvez pudesse. Combati essa mágoa e subi ao cimo do orgulho. Nos primeiros segundos aquele sítio fez-me relembrar toda a ocorrência da noite passada, mas consegui combater tudo isso.
Ouvi uns barulhinhos e por instinto olhei para o lado e qual é o meu espanto ao deparar-me com J. a subir ao telhado. Sentou-se ao meu lado e eu apercebi-me que algo mais ia acontecer…


Nota 1: No meu PC há apenas uma pasta principal, a minha pasta, que por acaso se chama ‘Retalhos da vida ’ e nessa pasta tenho uma outra com 185 músicas e ouvi apenas 12 para me inspirar. Interessante, não?
Nota 2: Há continuação no próximo post (:
Nota 3: Para quem ainda não sabe, esta história não é verídica!
Nota 4: Postarei os selos do Flávio assim que puder!  xD