30 julho, 2010

Conspiração de amor ♥ (dois)


Parte 2
Porque não me limitei a sair dali para fora? Ah, sim, porque sou uma idiota
Depois de lhe ter enviado aquela carta ansiei pela visita dele. Passaram-se meses e meses e a esperança começou a desvanecer-se. Não se foi embora, apenas fracassou.
Uma noite subi ao telhado, novamente e jurei a mim mesma que o iria esquecer. Devem estar a achar estranho eu ter escolhido o telhado, mas não é! Escolhi-o porque foi naquele nosso refúgio que nos comprometemos e seria naquele refúgio que o ‘nós’ iria deixar de existir. Ou talvez fosse.
No dia seguinte acordei como já não acordava há cinco meses atrás e fiz o habitual. Tratei da minha higiene e fui buscar a correspondência, mas não, não ia com expectativas de encontrar uma outra carta. Deixei o correio em cima da mesa da cozinha, corri para o quarto e procurei a minha guitarra. Já não a usava há algum tempo. Fui para o telhado tocar … estava feliz! Pelos menos algo me indicava que sim. Pareceu-me que a felicidade me bateu à porta de uma forma inexplicável e instantânea. Só queria que viesse para ficar. Toquei e reflecti ... e quando dei por mim já era tarde.
Preparava-me para entrar em casa quando ouvi um ruído e olhei para trás, com máxima rapidez.
Era apenas a Mia, a minha gata, que tinha partido um vaso da minha mãe. Correu para junto de mim após o estrondo, de tão assustada que estava e eu peguei nela. Olhou para mim só da maneira que ela sabe olhar e os seus olhos aclamavam por perdão. Quem será que me fazia lembrar... Larguei-a de repente sem noção do que estava a fazer e toda a minha felicidade escapuliu-me. ‘Agora até uma gata faz com que me lembre de ti’ - pensei. Mas ... como é que uma gata partia um vaso que estava no chão? Fez-se luz na minha cabeça. Corri por entre as muitas árvores da floresta densa e, numa clareira vejo alguém tropeçar numa pedra. Atrapalhado tenta levantar-se mas não dei a mínima hipótese de o fazer. Com uma voz doce afirmou que estava perdido e entretanto paralisei. Reconhecia aquela voz, era-me tão familiar e impossível de esquecer. Com a minha ajuda ele levantou-se e a pouca luz da lua iluminou o seu rosto … era ele! Iniciámos, melhor ... ele iniciou uma conversa, com um ar um tanto embaraçoso enquanto eu continuava boquiaberta.
Ele: ‘Huum, olá?
Eu: …
Ele: ‘Desculpa se te assustei, não era minha intenção. Não aguentei esperar até adquirir coragem para vir, porque as saudades são imensas. Desculpa.’
Eu: …
Ele. ‘Não dizes nada? Estás a deixar-me ainda mais nervoso!
Eu: Parece que é mais fácil expressares-te por palavras.
Ele: ‘Não sei. Talvez não.’
Eu: ‘Queres dizer-me alguma coisa?’
Ele: ‘Podemos ir para o nosso refúgio?’
Acenei um ‘sim’, caminhámos até minha casa e subimos ao telhado. Sentámos-nos lado a lado e olhámos o céu daquela fantástica e quente noite. Mas a tensão permanecia no ar teimando em ficar,  o melhor era que a sua intensidade diminuía aos poucos e poucos.
Gentilmente pegou-me na mão e eu olhei para ele embaraçada e eufórica ao mesmo tempo. O seu rosto estava encantador como sempre ficava quando era iluminado pela luz das estrelas que pareciam brilhar cada vez mais. Mas naquela noite a lua estava só ... as estrelas foram para o outro lado  do céu sem terem pena da lua. Enquanto eu tirava conclusões acerca da maldade delas ele desviou o olhar do céu ... e olhou para mim dizendo:
Ele: ‘Tenho de te dizer uma coisa.’
Eu: ‘Diz-me!’
Ele: ‘Eu amo-te!’
Eu: ‘ Eu também te amo … ‘
Naquela noite eu não era a única a sentir a euforia dentro de mim. Os pequenos animais da floresta chilreavam e cantavam as suas músicas tentando embelezar o ambiente que nos rodeava. Comentámos isso por longos minutos até que ele se aproximou e os seus lábios tocaram os meus, muito suavemente desencadeando um beijo longo e sentido.
Enquanto isso acontecia, quando menos esperava as imagens do passado assaltaram-me o coração, recordando os vestígios deixados anteriormente. Estava a ter uma dor insuportável e foi o suficiente para eu o afastar. Incrédulo olha para mim e pergunta:
Ele: 'Eu pensava que querias isto. Pensava que me amavas como disseste na carta. Então? Não me amas?’
Eu: ‘Não! Eu não te amo. Fizeste-me sofrer bastante e parece que só queres o teu conforto neste momento. Sabes, as memórias do passado assaltaram-me! Não, não te amo.’
Desci, entrei em casa e fui para o meu quarto. Atirei-me para cima da cama inundando-a de lágrimas de arrependimento. 'Eu não tive culpa, juro que não!' Tentava dizer em silêncio por entre lágrimas mas as imagens  contrariavam-me causando-me uma dor efémera mas que parecia nunca mais acabar. Elas entranharam-se no meu coração e deixaram-me fraca, sem defesas e imóvel de volta ao passado.

História não verídica e inacabada.
Prometo continuação no próximo post.

26 julho, 2010

Conspiração de amor ♥


Parte 1
A carta inesperada
Naquela manhã, depois de acordar e cumprir com toda a minha higiene, dirigi-me á caixa de correio tal como a minha mãe me ordenou, á procura de correspondência. Qual foi o meu espanto ao deparar-me com uma carta sem remetente. Não costuma ser muito usual isso acontecer. De certeza, que não seria para os meus pais. Só podia ser para mim. Espreitei por entre as muitas linhas. Era ele! A letra dele, o cheiro dele… Estava ansiosa por a ler, mas decidi que o melhor seria esperar até à noite, pois subiria ao telhado e após a leitura da carta olharia o céu e contaria todas as estrelas que nele vivem. Enfim, vocês percebem! Era um ambiente mais propício á leitura e reflexão.
Finalmente chegou a noite e eu peguei naquele objecto frágil de papel que outrora permanecera nas suas mãos, e corri para o telhado.
Sentei-me perto da chaminé, não hesitei e abri o envelope logo que me foi possível. Comecei a ler aquelas palavras cansadas de carregar tanto sentimento. Excertos da carta que me enviou:
'Amor’, lembras-te? Chamava-te carinhosamente de ‘amor’… um bocadinho cliché, é certo. Hoje em dia, é ‘amor’ para aqui ‘amor’ para ali, por ser uma palavra tão dita não tem tanto significado. Mas tu sabes, eu sei que sabes que quando te apelidava de amor era com todo o sentimento e mais algum. Estou-te a escrever porque as saudades são mais que muitas, tu também o sentes. Conheço-te tão bem que quase que aposto que estás a ler a minha carta no nosso refúgio. E se estou certo desse facto então podes ter a certeza que te conheço realmente bem. (…) Os últimos meses sem ti, têm sido insuportáveis. Completamente difíceis de aguentar. Davas um ar diferente á minha vida. Agora que te perdi é que te dou o devido valor. Foste num dia frio de Inverno, deixaste os teus amigos e não imaginas as saudades que temos. Foste viver para essa casa grande mas que tenho a certeza que não o suficiente para te preencher. Descobri a tua morada através de ... não interessa. Acho que é o destino a querer juntar-nos de novo. Uma das principais razões pela qual te estou a escrever é para dizer que te amo e para te deixar um enorme pedido de desculpas. Daqueles pedidos de desculpa de coração. Desculpa meu amor, desculpa a minha tamanha ingenuidade, e todo o sofrimento pelo qual te fiz passar. Perdoa-me! Não te peço para esquecer apenas perdoa. (…) (…) (…) Bem vou-te deixar, não acredito que seja fácil ler estas linhas que escrevi com o que de mais sincero eu tenho, o coração. Creio que já usufrui demasiado do teu tempo. Sendo assim deixo-te. Com um pedido de desculpas, verdadeiro’ “
Com tudo o que tenho, J ♥
PS: I love you!
Não posso dizer que não gostei da carta, muito pelo contrário, está linda, mas a minha resposta será completamente diferente da que ele esperava. Eu vou responder-lhe, vou dizer tudo o que não disse há uns anos atrás, porque ele merece ouvir e caso ele se mostre ainda com mais dor, talvez o perdoe. Não sei, logo se verá. A carta que lhe escrevi, nesta mesma noite foi:
"Olá J,
Não sei se deveria estar a responder àquelas tuas palavras, mas é mais forte que eu e sinto-me na obrigação de te dizer alguma coisa. Aviso desde já que haverá partes onde demonstrarei a minha revolta superficialmente. Por isso, se te magoar, sentirás o que eu senti durante todo este tempo. E não tenho pena nenhuma!
Foi errado tudo o que fizeste até agora. Após imensas tentativas falhadas eu decidi que iria deixar de ser um incómodo na tua vida e mudei-me para bem longe. Vim para esta casa no meio do nada para te esquecer… pois tentativa falhada da minha parte.
Não sei se te conseguirei perdoar depois de tudo o que tu me fizeste! Não sei se sou capaz, mas o meu outro lado diz que eu te amo e que apesar de tudo eu consigo. Vem ter comigo um dia destes e falamos pessoalmente. Esclarecemos tudo, juntos, no telhado onde eu estou agora, tal como referiste.
Estarei disponível para sempre. Não não. Para sempre, não. A relatividade dos ‘para sempre’ é super discutível. Estarei disponível, apenas isso. “ 
Beatriz Silva
Escrevi-lhe esta carta com revolta e amor, razão também. São ‘coisas’ que quase nunca andam juntas!
Não espero resposta da parte dele, apenas uma visita que resolva as coisas e agora, vou permanecer neste telhado, a contar as estrelas que vivem no céu desta noite maravilhosa!

História não verídica;

20 julho, 2010

Sorry my heart ;

 
Sinto o palpitar forte do meu coração a bater contra o meu peito. Ele quer dizer-me algo. Talvez queira informar-me que está magoado por a minha cabeça pensar demasiado no que não devia. Espera … ele diz que as minhas lágrimas interiores estão a fazer-lhe cortes tão profundos que o magoam. Diz que se eu continuar neste sofrimento as lágrimas ganharão a guerra e ele será despedaçado por cortes. Contou ainda que as próprias gotas de ácido estão feridas. E … ele quer morrer! Ele quer parar com aquele sofrimento! Eu não posso. Não posso tirar a vida ao meu coração, não posso mesmo. Se é que se possa chamar vida a sofrimento constante.
Fiz o que já não fazia há imenso tempo: falei com ele. Ambos levámos esta conversa muito a sério e conseguimos chegar a um acordo; eu prometi que iria fazer um esforço para evitar sofrer incondicionalmente. Será difícil mas não me matará apenas me tornará mais forte …
‘Deixarei de pensar em ti, esquecer-te-ei de vez. Farei os possíveis, e se for o caso, os impossíveis para nunca mais pensar em ti ou no que fizeste. Cada pensamento, cada palavra dirigida a ti é acompanhada com mágoa. A única maneira de cumprir a minha promessa será isso mesmo: pensar que não existes. Eu conseguirei e que ninguém duvide disso.’ Pensei para mim e como é óbvio o meu coração ouviu e para confirmar tal acontecimento pulsou mais forte.
Iniciamos e mantivemos uma longa conversa, só nós os dois. A noite foi passada num instante … eu contava-lhe tudo (mas era um disparate, porque ele sabe o que sinto e o que sentiria em casos diferentes) e ele contou-me o quanto difícil era ser ‘o meu coração’. Escutei tudo o que ele me dizia, palavra por palavra, mais atenta que nunca. Eu nunca pensei que fosse tão complicada a função dele, mas afinal é. Fiquei intrigada com a quantidade de lágrimas que ele poupou enquanto confessava o que sentia e perguntei-lhe como ele conseguia. A resposta simples e demorada dele foi: ‘Eu vivo em ti, vivo dos teus problemas e das tuas resoluções, da tua dor e da tua felicidade. Lembras-te? E tu já sofreste demasiado no passado … eu sofri contigo. Agora tudo o que diga são apenas palavras. Ah, e não fiques tão pasmada com a parte do passado! Eu sei que tudo isso já passou, mas devo relembrar-te que eu sou o mesmo e que nada em mim mudou.’
Um inesperado pensamento invadiu a minha mente: ‘Ele sabe tudo! Claro que sabe, mas que estúpida que sou. Mas tudo continua igual? Não percebo. Eu fiz o que não devia para que tudo mudasse. E consegui. Tudo se diferenciou!’ Contra-argumenta, desta forma: ‘Tens razão Beatriz, mas eu sou um órgão que sofre e que guarda rancor. Neste caso ao passado. Olha vamos dormir, estou cheio de sono e estou ansioso que chegue a amanhã para verificar se cumpres a tua promessa’. Esperançada, finalizo: ‘Não a quebrarei por nada deste mundo, eu juro’.

16 julho, 2010

Irmão ...


Ontem passei por um grupo de amigos que se ria constantemente, e lembrei-me das vezes que actuavas como impulsionador de felicidade. Passei por um casal de namorados e mais uma vez me lembrei dos abraços maravilhosos que me proporcionavas. Passadas umas horas, depois de me ter sentado num banco de jardim, o cheiro fascinante a flores fez-me lembrar todas as vezes que lanchávamos juntos e tu concluías todos os lanches com uma música que tocavas.
Senti saudades de tudo o que fazíamos … E mais uma vez senti saudades tuas.
Quando cheguei a casa deitei-me na cama e chorei … não por chorar, apenas por sentir uma necessidade incontrolável de estar contigo e não poder. Apenas por ter saudades de tudo.
Depois de ter inundado a minha cama de lágrimas adormeci e acordei com um copo de sumo ao pé de mim. Provei e estava fantástico. Estava tal como tu mo fazias. Estava no mesmo sítio em que tu o colocavas todas as noites depois de eu adormecer. Tal como das outras vezes aquele estava lá.
E mais uma vez, de muitas naquele dia, uma lágrima deslizou sob a minha face … uma lágrima carregada de lâminas que à medida que passava me cortava com tamanha profundidade que seria impossível esconder tais cortes. Não, afinal os cortes não eram superficiais. Eram interiores … As lágrimas que percorriam o meu coração despedaçaram-no. Mas daquela vez tu não estavas por perto para me amparar as lágrimas e me sarar as feridas, como das outras vezes.
Irmão, tu partiste sem eu fazer a mínima ideia. Partiste e nem viste na pessoa que me tornei. Partiste sem olhar uma única vez o mundo.
Não podias ter esperado mais um ano para nasceres por minha vez, não? És parvo ou quê? Eu podia perfeitamente ter partido por ti … se nascesse no teu dia. Se nascesse em 1995 tudo podia ser diferente para ambos. Tu podias ver o mundo. Podias ver a pessoa maravilhosa que a mãe é e até eras capaz de não a desiludir tanto como eu a desiludo. Podias fazê-la feliz. Podias ter tudo o que eu tenho.
Eu posso nunca te ter visto, posso até nunca ter estado contigo, mas eu juro que te amo! Juro que sempre foste a pessoa mais importante da minha vida … e quando me lembro que me poderias ter pegado ao colo quando eu era pequena, sorrio. Mas tu não me viste nascer, crescer e transformar e isso é o que mais lamento.
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11 julho, 2010

Inevitável ;

Olho fixamente o tapete verde do meu quarto e: “Não me ocorre nada para escrever!”.
Estou distante deste mundo a que chamam “real”. De momento permaneço na lua a pensar na imensidão vazia onde me encontro. Só me ocorre todas as maldades que me fizeste, e todos os assaltos que efectuaste ao meu coração.
Penso no que me roubaste, ou … no que me tiraste com tamanha brusquidão deixando vestígios de dor.
Durante todo este tempo que passou, foi permitido ao meu coração reconstruir-se, e hoje já me é possível vingar. Vingar de todas as tuas palavras acompanhadas de amargura e de todas as tuas acções inconscientes. Já posso derrotar-te, mas não vou deixar vestígios, porque apesar de tudo, eu ainda te amo e seria incapaz de te ver sofrer.

06 julho, 2010

Adormeci por breves instantes ...



 Sussurraste-me ao ouvido o que eu jamais pensaria ouvir vindo de ti: “Amo-te, sabias?”. Olhei para ti com um ar estupefacto, e tu retribuis-te com um leve sorriso. Esse teu sorriso radiante e lindo, desta vez não me atraiu … será que isso quererá dizer alguma coisa? Quererá dizer que em tempos eu te amava e agora, não? Talvez … ora essa, claro que isso é passado.
De repente, ouço alguém gritar o meu nome e olho para trás … já lá não estavas.
Abri os olhos, era simplesmente um sonho, e a minha mãe a chamar-me para ir para a escola (:
História não verídica $: