São 4:19h
e aqui estou eu, na minha cidade universitária a escrever. Lembrei-me de uma
pessoa que conheço desde que me recordo. Ela é pouco mais velha do que eu, tem 19
anos feitos há pouco tempo. Houve uma altura das nossas vidas em que nos
aproximamos mais uma da outra e, embora nunca tenhamos sido melhores amigas,
fomos grandes amigas. Vi-a há uns tempos e se não soubesse as suas feições de
cor nem a tinha reconhecido. Cabelo pintado, roupa à menina crescida e, claro,
salto alto. Mas afinal o que se passou com aquela rapariga com quem me dei
durantes anos que se vestia de uma forma muito simples, que dizia “não” às
influências da moda e que não queria crescer? Desde que foi para a universidade
que tem mudado muito, tornou-se mais adulta, quis crescer. Sim, é preciso.
Chegamos a um certo ponto da nossa vida em que somos obrigados a crescer, quer
queiramos quer não, mas eu não acho que a universidade seja um critério para
crescer desta forma. Eu estou a ficar mais velha (é inevitável), mas eu não
mudei o meu estilo para “menina adulta” só porque agora ingressei na
universidade, até porque isso não faz de mim uma “menina adulta”. Aqui ando eu
toda aborrecida por fazer anos, por estar a ficar mais velha, a usar roupa
mais-do-que-simples, a fazer o que gosto, a não seguir as modas… e vejo pessoas
da minha idade a quererem ser mais do que aquilo que são. Isto deixa-me a
pensar… não devia, mas a verdade é que deixa, porque me faz confusão, porque
não percebo o porquê de quererem apressar a sua vida desta forma. Faz-me confusão
as meninas crescidas, visto que “meninas crescidas” só se aplica à aparência,
se lhes vasculharmos a personalidade só encontramos autênticas crianças
imaturas e mimadas.