Neste preciso momento deves estar a perguntar-te como estou, por onde ando e porquê que não tenho falado contigo. Não me tens visto por aí e aposto que ficaste chateado… até porque eu era das melhores pessoas que tinhas para chatear. Não era feliz, não tinha ninguém que me ajudasse, por muito que quisesse algo desistia facilmente, não me esforçava o suficiente para ser melhor que os outros… não tinha orgulho em mim nem no que era. Rebaixava-me a todos os segundos e sempre que me olhava ao espelho via uma menina sozinha para sempre. Eu sentia-me mal em ser assim. Sentia que as coisas não podiam continuar daquela maneira. O que sentia não era de certeza felicidade.
Tu acompanhaste-me sempre. Até há cerca de um ano atrás. E foi mais ou menos a partir daí que deixaste de me ver a vaguear por esses lados, como um fantasma perdido. Como se não soubesse o que queria. Mas eu sabia, sempre soube. E foi isso que me fez levantar a cabeça! E uma série de perguntas por responder, bombardearam-me: “mas o que é que eu ando a fazer? Porquê que eu estou aqui? Porquê que eu não tenho lutado? Porquê que eu tenho “deixado andar”?”.
Ainda te lembras da minha cara? Uma menina inocente, triste e dada como acabada? Pois bem, estou aqui. Não como te recordas de mim, mas estou. Vim visitar-te e humilhar-te. Porque apesar de me teres apanhado eu consegui fugir. Fugi e ando por outros lugares. Menos habitados, é certo, mas é aqui que estou bem. Feliz, sem problemas… e olha, por acaso lembrei-me de ti. Já não sei como é andar por aí. Já não sei como é esse mundo. Lembro-me que é escuro, muito escuro. Sempre que passeava, ouvia pessoas a chorar, a gritar de angústia e a morrerem por dentro. Sempre que passeio neste meu novo mundo ouço as pessoas a sorrir, a brincar e todos aqueles que gosto, estão comigo. E escrevi tudo isto para te dizer “adeus”. Não vou mais entrar por essa porta.
Adeus, Dor. E adeus, mundo da Dor.
With love,
A tua ex-habitante.