Os pratos já estavam sobre a mesa, ela estava no quarto e fora dele duas vozes gritavam. As palavras que diziam perfuravam-lhe os ouvidos, baralhavam-lhe os pensamentos e deixavam as lágrimas deslizarem.
Ela tapava os ouvidos, mas as vozes gritavam mais alto. Até que a porta da saída bateu. Bateu com tamanha força que a assustou. Naquele momento ela apenas queria que alguém chegasse à beira dela e lhe dissesse que estava tudo bem, que as coisas iriam melhorar e que, ao contrário do que tinha percebido, aquela discussão não era por sua causa. Tudo o que ela pedia era uma pequena companhia até adormecer e um pequeno beijo de boa-noite na testa. Ninguém lhe satisfez aquelas tão desejadas coisas e acabou por adormecer sozinha, agarrada a um peluche, a chorar pela culpa que sentia nas palavras que ouvira.
Porquê tantos desentendimentos?