Vivo num mundo desconhecido. O seu nome é “vida”. Nele já percorri ruas escuras e outras bem iluminadas. Já mil quarteirões conhecem os meus passos e já milhões de montras viram o meu reflexo. Já muitos passeios saborearam as minhas lágrimas e já muitas esquinas reconhecem o meu sorriso. Já muitos pilares conhecem o meu corpo de muitas vezes que me encostei para descansar e já muitas escadas aguentaram o meu peso quando não conseguia andar mais. E até o vento já conhece algumas das minhas histórias.
Os habitantes desse mundo, desconhecido e imprevisível, já me pregaram muitas partidas. Puseram-me entre a espada e a parede no que toca a decisões. Já me julgaram sem razão. Já me impuseram armadilhas para cair e não me conseguir levantar. Já me abandonaram quando mais precisava. Já prometeram muito mas nada cumpriram. E até já me ignoraram quando o que precisava era atenção.
Deste mundo não posso dizer nada. Posso apenas recordar o passado e orgulhar-me de já estar no presente. É incrível como a “vida” me conhece tão bem e eu dela nada sei … e por muito que já tenha percorrido ainda tenho imenso para andar.